“É complicado”. “Dá muito trabalho”. “Uma perda de tempo”. Fastio e tédio para uns, consumição e sufoco para outros, namorar é uma prática que parece estar fora de moda. Será mesmo assim? Ou deixámos de ter direito a tempo de qualidade para usufruir dos riruais de sedução, com espaço para partilhar bons (e menos bons) momentos, mas sempre com sumo dentro? Como se recria a arte do encontro?
O fácil:
Técnicas da sedução seguras, idealmente virtuais e à distância.
Interação entre corpos, com trocas de fluidos numa noite de folga.
Um fim de semana sem deveres nem obrigações, apenas prazer.
Encontros com desejo, sem envolvimento emocional nem compromisso.
O difícil:
Aprender a dois fazendo estrada (deep learning) sem mediadores ou filtros pelo meio.
Disposição para estar e interagir face a face e criar cumplicidades, sem julgamentos.
Aliar a liberdade pessoal à presença e à responsabilidade pelas emoções próprias.
Conhecer o outro sem medo de perder-se nele nem a necessidade de o aprisionar.
O suficientemente bom:
Confiar na segurança, autonomia e competências próprias sem precisar de outros como espelhos.
Aproximar-se com intencionalidade e respeitar, sem medo, o território e rotinas pessoais.
Alocar tempo ao exercício de conhecer o outro, livre de aceleradores ou inibidores de ação.
Exercitar a espontaneidade criativa e o autocomedimento, no ato de acolher / ser acolhido.
Nada disto se aprende em manuais de autoajuda.
Tudo isto se descobre e aperfeiçoa, desde que se lhe dedique atenção e espaço.
Namorar é… um exercício criativo que se cultiva sem perder as asas.
É aprender a aceitar, a esperar, a ouvir, ver e conversar, a receber e a dar.
Não é dificil nem fácil e cabe a cada um (re)criar, com clareza e intenção.
O apetite começa aqui, sem margem para fome nem azia.